terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Som

Eu ouço o que não existe
Uma voz escondida no meio dos ruídos
Que sei não estar lá.

Agora mesmo
Usava o microondas
Ou aqui com o ventilador
Ou logo mais no banho e a tv ligada.

Ruídos dentro de ruídos dentro da minha cabeça
Sei que não existem
Mas algo me divide
Entre a realidade e a loucura
E eu me pergunto:
E se existir?

Um lado diz que é impossível
O outro diz que é apenas improvável
Eu fico nesse impasse, desejando apenas que passe.

Uma ventania que encoberta
Os latidos dos cachorros da vizinhança
Não me deixa saber diferenciar dos possíveis gritos da noite.

Outra situação se dá quando,
Indiscretamente,
Pego-me ouvindo um soluçar ao longe.
Estaria a pessoa chorando ou rindo?
Em cada um dos extremos das sensações
Se você reparar bem
Perceberá que são similares.

Não é curioso?
Duas sensações tão distantes
Que aos ouvidos descuidados
Soam tão semelhantes.

Gosto do silêncio
Aterrorizo-me
Na
Quebra
Abrupta
Dele.

Não tem motivo este barulho
Pare com isso
Estupram-me os ouvidos
Não quero, não posso.

Antes do anoitecer
Já me encontro só
Uma outra noite que se vai
Dentro da escuridão
As ondas ilusórias riem de mim.
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Este é um texto que fiz pra um concurso virtual no fim do ano passado. O concurso passou, não venci (não esperava mesmo que fosse), mas ele precisava ser inédito. Então, só agora pude postá-lo. E como faz tempo que não posto nada, taí uma oportunidade. 


-G-
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