quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Pokémon Ultra Sun e Ultra Moon: o fim de uma era (?)



Faltam 15 dias para o lançamento de jogos da franquia mais rentável da Nintendo, principalmente no campo dos dispositivos portáteis. Pokémon Ultra Sun e Ultra Moon, para Nintendo 3DS, são sequências de Pokémon Sun e Moon lançados no ano passado, em 2016. Até aí tudo bem. Jogos vêm e vão. Ainda mais em se tratando dessa série em específico. Há 20 anos que temos que pegar.

Sun e Moon tiveram um hype no lançamento, como era de se esperar de qualquer jogo que tivesse Pokémon no nome. Aconteceu que a recepção foi controversa. O jogo inova em alguns aspectos, pela própria questão das duas décadas de existência, talvez. "E se não houvesse líderes de ginásio? E se alguns designs clássicos se reinventassem? Na genética, existem os genes alelos. Alola. Aloha. Havaí. Taí o nosso jogo" - imagino que essa linha de diálogo existiu em algum momento.

Apesar de todas as inovações que acontecem a cada nova geração de jogos, em particular, Sun e Moon parecem deixar a desejar em alguns aspectos. De fato, eram jogos mais maduros em comparação aos anteriores, com mais diálogos (até demais). Ao mesmo tempo, novas funções foram criadas enquanto outras ficaram de fora. Sem contar o fato de que, ao apenas olhar para o ambiente durante o jogo, existem espaços vazios, como se algo pudesse ser construído ali.

Entretanto, para qualquer veterano em Pokémon, é sabido que quase sempre vem uma terceira versão, melhorada em comparação às anteriores da mesma geração. O que era de se esperar de USUM? A começar pelo anúncio muito precoce, que ocorreu poucos meses do lançamento de seus antecessores. Junte-se a isso a total falta de informação no meses seguintes. A cada Nintendo Direct, Pokémon parecia ser deixado de lado, ou trazia poucas informações relevantes. Até que agora, a poucas semanas do lançamento, mais e mais novidades vêm surgindo. E, arrisco, a maior delas veio hoje mesmo, com este trailer:

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domingo, 8 de outubro de 2017

O tudo bem não serve pra nada


- Oi, tudo bem? 
- Tudo. 

     “Mas não estava tudo bem”, diria o narrador caso presenciasse a cena das nossas ficções diárias. Não posso culpá-lo. Nem a ele e nem às pessoas. Culpo a mim mesmo por me pegar pensando a respeito de como o “tudo bem” diz tanto ao mesmo tempo que diz nada. Eu imagino que tenho essa coisa com a linguagem, quero que ela faça sentido sempre que possível. O papel camaleão do “tudo bem” é um desses em que as significações saíram de controle. 
 

     Todos sabemos: o “tudo bem” é um cimento social, assim como tradições, culturas, gastronomias etc. Ele representa a primeira camada de gelo que se quebra quando se quer/necessita iniciar uma conversa (prova-se o caráter social). Por vezes, não se sabe ou não se tem o que dizer, e com isso, o “tudo bem” serve em qualquer ocasião, mesmo que depois dele as pessoas envolvidas na conversa não tenham mais o que dizer. Ou então, quando se entra num elevador e, por mera educação, pergunta-se se está tudo bem àquela pessoa que dividirá o mesmo metro cúbico durante um trajeto de poucos segundos – e a conversa morre ali mesmo, não tem mais necessidade dela.
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terça-feira, 26 de setembro de 2017

O poeta é um fingidor



Eu gosto de escrever. Pudera, estou fazendo isso agora mesmo. Existe aquela máxima “escrever é fácil, você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto”. Não se sabe a paternidade dessa citação, já vi gentilicarem ela desde Neil Gaiman a Saramago. Tudo bem, vá lá, sejamos reducionistas e com isso incentivar quem gostaria de começar agora. É tão simples, afinal.
            Ao escrever para a internet – afinal você quer ser lido, o ego do seu eu-lírico é algo a ser psicanalisado – você pode descobrir que existem diversos concursos literários, com inscrição pela internet e grátis. Ora, é uma baita vitrine. Ainda que alguns desses concursos sejam questionáveis, do tipo que não dá uma data de entrega de resultados, o que te faz buscar diariamente até descobrir que o concurso fora cancelado. Mas ei, é de graça e ninguém te deve nada pelo seu esforço. Você o fez pela arte, né? Achei que não.
            Com isso, os concursos mais populares possivelmente são os de poesia. Poesia é fácil, é curto, hoje nem precisa mais rimar. Escanção, quem liga? Até que vem o conflito: se por um lado existe a facilidade de escrever qualquer coisa, bem como do próprio gênero em questão, de outro existe lirismo. E isso não tem como ser ensinado. Por mais pós-moderna que seja a poesia, alguns elementos fazem dela incríveis: além da rima, inclua ritmo e faça mágica com metáfora, analogias, figuras de linguagem, neologismos. Complicou. 
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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Sunday Blues



Você sabe do que se trata. Qualquer um já passou ou vai passar por isso – embora, suponho, seja uma situação que afeta mais adultos (não necessariamente muito velhos) do que pessoas muito jovens. Eu digo da bad do final de domingo.
Nem precisa ser tão no final do dia. Li a respeito – a coisa começa a degringolar lá pelas 17h e vai piorando até a hora de dormir. A explicação se dá pelo recomeço da semana, a mítica segunda-feira surge como sua aura assustadora antes mesmo do domingo terminar. A surpresa minha foi achar um nome para isso. E também uma definição. Entra na categoria de depressões sazonais, tipo aquelas que batem, também, ao final de feriados.
Rotina, sempre ela, a culpa e a solução de todos os nossos problemas – ou ao menos é o que nos fazem acreditar. Não deve ter essa única alternativa pra solução da vida. Só que, ao olhar para as outras, o remédio mais amargo parece ser o mais efetivo. Afinal, precisamos de rotina, pois aquela nova tecnologia completamente desnecessária não vai se comprar sozinha. Sim, desnecessária, mas tão legal ao mesmo tempo. Ah, sim, e também considere relevante outros fatores menores tipo a própria subsistência, alimentação, moradia etc.
Já que é assim, olha pra tua família. Na noite de domingo, (quase) todo mundo estaria passando por isso. Não que admitam. Alguns convivem, acostumaram-se. Criaram carapaça, não dói mais. Outros suprimem com todas as forças para ver se esquece e passa. Tentam preencher o vazio com qualquer bobagem que traga alívio pra alma. E por último, bem-aventurados aqueles que se entregam, desistem, choram. Dizem pra que você nunca desista. Bom, erraram. Aqui quem desiste pelo menos bota pra fora, pelo tempo necessário, e depois vem uma sensação de alívio. Diferente de quem guarda, até que uma hora não cabe mais e estoura de vez.
Então, numa família, a noite de domingo é uma penitência secreta. A gente finge que assiste qualquer coisa enquanto, ao mesmo tempo, expurga os males da ansiedade por algo que ainda nem chegou. Essa é a palavra mágica. A bagunça acomete mais aos ansiosos. Simples, ora, é só chegar neles e dizer: tenta não pensar nisso. Não só é inócuo como piora, porque o ansioso fica com mais ansiedade por não ter conseguido domar a ansiedade anterior. Ou ainda, ele tenta preencher o vazio com qualquer distração, mas duas coisas podem acontecer: 1) ele não consegue se concentrar, digamos num filme, e a situação continua a mesma. Ou 2) ele até vê o filme, mas quando acaba volta tudo de novo, ele não esquece, podendo até ser mais forte, misturado a uma sensação de “eu devia ter feito algo melhor nesse tempo, lido algo, produzido algo”. Claro. Como a gente gosta de se enganar. Produzir numa noite de domingo em meio à ansiedade. Certo.
Até que em alguma hora o cansaço vence, a pessoa dorme a segunda logo desponta. No dia anterior, nos é temerosa, parece um monstro. Chega na hora, é só um pinscher que não para de latir, ou seja: inofensivo, apenas chatinho. Mas pra você que chegou até aqui, é possível que tenha discordado do que eu disse em algum momento do texto. Não tem problema. É possível haver outros jeitos de se lidar e de sentir, diferente do que fora descrito. Pelo menos comigo essas descrições sempre funcionam.  

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terça-feira, 19 de setembro de 2017

A leveza de uma crônica

      Tem vezes que as ideias nos faltam. Normal. Disso, buscam-se alternativas para solucionar o problema. Comigo, eu busco alguma teoria, a depender do caso, se couber. Por exemplo aqui. Já escrevi mais no passado (independente de com qual qualidade) e queria reativar essa atividade. Mas me faltava algo. Eu fiz o que qualquer pessoa faria em situações de dúvidas adversas: eu procurei no Google. E antes que você imagine que este texto seja mais um do tipo “não sabia sobre o que escrever então escrevi sobre não saber o que escrever”, calma, vem um plot twist.

     Dizem as teorizações (de quem?) acerca de crônicas que elas são originárias de observações de fatos do cotidiano — seguido da opinião/interpretação/sensibilidade do escritor. Para que, então, venha a se desdobrar em alguns tipos pré-formatados de crônica (lírica, filosófica, argumentativa, etc). Outro recurso é o de buscar nos fatos atuais o tema da sua crônica, em meios de comunicação tipo jornal, revista, tv etc.
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domingo, 3 de setembro de 2017

Do luxo ao lixo






            Envelhecer é um dos atos mais cruéis. Primeiro porque não tem escapatória. Segundo que não é cometido por ninguém – apenas acontece. Só resta mesmo o espanto quando a passagem do tempo grita pra gente nos momentos mais inesperados.

            Eu sou um tanto acumulador, guardo coisas que muitas vezes não tem necessidade, servindo apenas como um resquício nostálgico. É a mesma função, se for ver, de uma fotografia. Só que transubstanciado em outros objetos. Olha quantas memórias já perdemos. É normal. Algumas se foram tarde, outras podiam ficar mais um pouco. Nada realmente importante porque todas terão o mesmo destino quando das nossas mortes, meros mortais que somos.

            Também existem períodos da vida que são mais memoráveis. Não se lembra da infância do mesmo jeito da juventude/adolescência. Aí quando cresce e vira jovem-adulto as memórias perdem espaço a compromissos, paranoia e boletos a serem pagos – não nessa ordem. Com isso, imagino que esse período de adolescência – que é inclusive uma terminação recente, o conceito não existia há 50 anos, talvez pela mesma razão que fora necessário diferenciar o que é ser normal daquilo que não se é – seja de grande produção de memória. Muito acontece com os nossos corpos, em nível físico, químico, psicológico e social. Até por este período de interregno, quando passamos dessa fase e viramos pagadores de boletos, não temos mais muita paciência com adolescentes alheios, esquecendo-se, com isso, do quanto provavelmente já irritamos outras pessoas estando na mesma situação.
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sábado, 2 de setembro de 2017

Um pouco de tudo


     Do que você gosta?

     Que pergunta, ao mesmo tempo, simples e complexa. É fácil responder, não é? Deve ter passado algo pela sua cabeça. Caso contrário, que passe agora. E muitas passam. Quantas são suficientes? É uma pergunta que puxa outras perguntas: gostar em que sentido, quando, em qual ocasião?

    Gosta-se em muitos aspectos. Artes, esportes, pessoas, assuntos, coisas e não-coisas. Tirar uma só opção no meio de tantas e com tantos lugares de acontecimento se mostra difícil.

     Acaba que esta é a aparente concretização deste blog. Aliás, este é um post mais meu do que seu. O que, no final das contas, não é o real intuito de blogar? Ou pelo menos era, coisa de 10 anos atrás. Até porque hoje muito do espaço se perdeu para postagens em outras mídias, em especial o vídeo. Ler é um saco. Assistir é fácil.

     Mas eu, eu não me vejo fazendo vídeos. Nem blogando. Eu sou apenas um teimoso. Sobre a dita concretização do blog, em pouco mais de 5 anos de existência, teve de muito (de tudo, não). Texto, imagem, áudio, diversos assuntos, crônicas, review de livro, de série, conto - inclusive um nada ensurdecedor, hiatos de longos períodos.

     A fênix é só uma ilustração. Não significa que haverá posts e mais posts. Ainda assim, é um respiro, uma tomada de consciência. Até porque, a ideia era começar outro blog (num momento em que quase ninguém mais bloga, pelo menos não dessa maneira). Se fosse mesmo este o caso, ok, um blog de quê? Sobre o quê? Para quem? Eis que me escorrega a pergunta do início: do que eu gostaria de blogar sobre? Então concluí que não é possível escolher uma temática só. Não pra mim. Nem teria ambição de falar para massas. Já tenho a consciência de que não seria capaz, pelo menos não agora, não de maneira natural.

     Então, o passado fica. Concretizado, na medida do possível enquanto a internet não acabar (vai que, um dia). Até para mostrar a evolução, ou ainda, a mera mudança que acomete a todos nos muitos momentos da vida. De 2012 pra cá, muita água rolou pela ponte: sob e sobre ela, inclusive levando embora a ponte e deixando um vazio para reconstrução, mas apenas se as pessoas ao redor julgarem necessário (re)abrir mais este caminho.

     O que vai ser? Nem sei. Sei que, depois de muito teimar, dou o braço a torcer. Eu gosto de tanta coisa que quando qualquer um me pergunta eu não sei responder. O que é curioso porque, num primeiro momento, a impressão minha é de desgostar muito mais do que de gostar. Não que algum dia haverá um levantamento estatístico para comprovar qual lado é maior. Resta só a impressão. Ou ainda, em outras palavras, eu sei do que eu gosto. Eu gosto de não ter que responder do que eu gosto.
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domingo, 26 de março de 2017

Salve a sexta-feira!


     A rotina e o capitalismo são as maiores máquinas do tempo jamais inventadas. Com uma ressalva: a viagem é apenas para frente. Para trás, resta o refúgio da nostalgia via memória ou de itens materiais como fotografias e vídeos que, na era digital, se perdem a cada HD pifado.
     Hoje mesmo vi no supermercado panetone com decoração natalina. Nada contra panetones de padaria que são feitos ao longo do ano mas a caracterização de flocos de neve, renas e anjos tocando trombetas me parece prematuro visto que estamos num nove de outubro. Não passou dia das crianças, Halloween, Black Friday e o saco do velhinho já nos esfrega à cara.
     Ano passado vi alguém comentar “ainda nem é dezembro, parem de apressar o natal”. Neste ano eu digo “ainda nem é novembro, parem de apressar o natal”. Daqui alguns anos alguém dirá “ainda estamos em 26 de dezembro, parem de apressar o natal do ano que vem”.
     Isso tudo nada mais é do que o reflexo pós-modernista causado na relativização do tempo. “Não diga que eu não avisei” em algum lugar Einstein nos mostra a língua. Após reforma do calendário Juliano seguida de séculos de calendário Gregoriano, tem-se na atualidade um novo modo de contar os dias da semana.
     Assim, a “segunda-feira” não se chama mais “segunda-feira”. Ela agora se denomina “é segunda-feira DE NOVO”, com ênfase na caixa alta. A “terça-feira” foi renomeada para “ainda é terça-feira...”, assim, reticente. O meio da semana útil ficou como “ó, já é quarta-feira”. “Quinta-feira” então, coitada, sofreu a maior das crises existenciais: perdeu o quinto do nome para “é quase sexta-feira”. A titulação do suposto ápice da semana não tem um consenso visto que cada um coloca entonações diferentes de acordo com o estado de espírito que quer causar nos outros que não necessariamente é aquele sentido de verdade por essa pessoa.
     Tudo bem viajar no tempo. Eu só queria alguma âncora, um tempo pra respirar, apreciar a paisagem. Aproveitar o pior das segundas-feiras antes de endeusar as sextas. Remar contra a modernidade. Desligar o celular. Mas não sem antes checar essa notificação que acaba de aparecer.

-G-
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Um bombeiro salvou um cachorrinho na enchente




O jovem repórter estagiário ia para a quarta pauta do dia. O cenário era o mínimo para ser caótico: chuva, temporal, ventania. Água, muita água. Ficou assegurado, contudo, que não correria risco. Outro repórter mais experiente cobriria a parte humana da desgraça enquanto ele ficaria com o material/urbano. Como sempre, ia acompanhado de um fotógrafo.

Um córrego que cruzava o centro da cidade alagou. O carro da reportagem não pôde se aproximar mais, o nível da água já cobria metade do pneu. Observou certo aglomerado de populares em torno de algo que não conseguiu distinguir de dentro do veículo. Não teve outra alternativa senão encharcar o tênis e possivelmente o bloco de notas que levava em mãos.

Ao chegar no ponto observou um bombeiro nadando ali mesmo no chão que encontrava-se alagado, sem distinção entre onde começava a rua de onde terminava o córrego. Arfando, trazia um cachorro em mãos, vira-lata de pequeno porte, tamanho marrom, orelhas pontudas e olhar profundamente assustado. “Ai, salvou o Tucurunda!” exclamou a senhora dona do animal que erguia os braços para consolar o bicho enquanto agradecia o salvador.

Quem quando como onde quando por que. Todo mundo gosta de animais. Lembrou do critério inesperado. Dá uma notícia, uma nota, uma suíte, uma foto-legenda que fosse. Conversou com o bombeiro, com a dona de Tucurunda. Partes das anotações borraram-se na tinta da caneta sob a chuva.
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Mariposa Branca




     Com asas de 30 centímetros entre o topo de cada uma das pontas ao alto delas, uma mariposa muito branca procura repouso numa pedra que se encontra numa ilha tropical. O inseto, tão claro, parece uma folha de papel, supostamente levada pelo vento, caso alguém a visse à distância. Não, ela existe, com vida própria. Está lá.

     O seu cotidiano é uma sequência de frustrações. A natureza não perdoa. A seleção natural não dá uma trégua. Quando busca refúgio, o que ela tem à disposição? Pedras, árvores, folhagem, troncos, chão, terra. Nada que fosse assim tão alvo como ela. Flores brancas também não servem, são pequenas pro tamanho que tem.

     Pensou se seria ela mesma uma aberração da natureza. É normal ser assim? Ou ainda, seria apenas um ponto fora da curva, que a ciência e os entomologistas ainda não alcançaram? Ainda se fosse uma borboleta, que pousa com as asas fechadas, imaginou que poderia ser uma vida mais fácil.

     A mariposa se irrita, é constantemente atacada por predadores. Procura fugir, não tem pra onde. Dia após dia, a mariposa tem uma única sensação: meu lugar não é aqui. Onde seria? Pensou num lugar frio, em que tudo é branco que nem ela. Concluiu que era ainda um inseto, não teria igualmente condição mínima de sobrevivência. A mariposa não consegue encontrar uma resposta.

     Assim, frustrada, irritada, incomodada, ela segue o cotidiano. O que ela fez para merecer isso? Por que todos insistem em olhar e apontar para ela quando a única coisa que faz é apenas... estar ali? Não é uma condição, ela não é albina. Nem conhece outros pares que poderiam lançar uma luz ao problema. Ela está sozinha, e o sentimento de solidão a incomoda. Não, não resta nada mesmo.

     Por pura teimosia, a mariposa branca não se rende. Forte? Ela só faz o que é necessário. Às vezes foge, quando precisa. Se é cansativo fugir por conta de predadores, por outro é fácil, já que não se vê pertencendo a lugar nenhum mesmo. Ela provavelmente não está bem adaptada ao meio, deve ser devorada por ele. E quem está?

     No breve período de vida que tem à disposição, a mariposa branca, com suas grandes asas, segue burlando o sistema. Algumas crenças dizem que a chegada de uma mariposa branca é sinal de boa sorte, ao contrário das mariposas comuns. Não se especifica, porém, quem afinal é o alvo dessa sorte.



-G-
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Chovia.mp3






-G-
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