segunda-feira, 13 de julho de 2015

O problema é a solução

    Acabou o Superstar. Ano passado teve eleição. Pouco antes um certo jogo de futebol traumatizou a nação. O que todos esses eventos têm em comum? Muito!

    Primeiramente, uma separação. Existe aquele que venceu e aquele que perdeu. Existem lados, polarizações, o "nós" e os "eles". Rótulos que as pessoas necessitam se encaixar por qualquer motivo que seja. O que, ao que parece, tira qualquer legitimidade da escolha do outro. Uma mentalidade coletiva de "eu estou certo e ele está errado". A prepotência humana é algo a ser estuado.

    Segundamente - ainda que esse advérbio não exista -, acontece o momento de euforia da divulgação dos resultados. Quem ganhou, quem perdeu, quanto que foi, quais são os números. Os nossos rótulos dependem de um numeral que, quanto maior for pro nosso lado, melhor, né? É o que chamam de friamente calculado.

    Após esse momento de êxtase, alegria ou tristeza, existem as consequências. Várias delas ao mesmo tempo, algumas a ver só ao longo dos anos como no caso de um mandato presidencial. Uma dessas consequências são os famosos ~textões. É claro, o mundo não está online e isso é o que eu vejo por eu estar nesse meio virtual, não quer dizer que seja uma questão universal da humanidade. Ainda que mais de 1 bilhão de pessoas estejam no Facebook, o que é uma quantidade considerável de humanos.

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quarta-feira, 8 de julho de 2015

7x1




    Já passou um ano. Tempo de digerir o estrago. Foi sofrido, dolorido. Causou espasmos, a nação ficou catatônica. Ninguém acreditava. Mesmo que não houvesse tanto sofrimento, todo brasileiro ao menos tomou conhecimento do fatídico placar. Pra alguns foi apenas um resultado composto pela frieza dos números. Pra outros, uma lavada. E para mais outros, uma vergonha.

    Tem quem use o placar como termo pra algo ruim, difícil, impossível. Virou expressão idiomática. Sinônimo de sofrência. Seja a sério ou não. Provavelmente não. O brasileiro é aquele alquimista que transforma tudo que acontece ao seu redor em zoeira. As redes sociais que o digam. Não é incomum ler "brasileiro só serve pra estragar rede social".

    O 7x1 inserido como um termo negativo no falar de alguns brasileiros é curioso. É aquela tragédia que dá pra brincar. Pra alguns, todas as tragédias são passíveis de humor. Eu acho isso um exagero. Quer dizer, no jogo contra a Alemanha ninguém morreu. Talvez a auto-estima futebolista brasileira, que já andava ruim, entrou em coma. Mas o salto-alto nas chuteiras pentacampeãs, esse só vai sumir quando algum outro time obtiver o mesmo grau de titulação.

    Isso que é problemático. Não o fato de fazer piada com tudo mas sim de depender de fatores externos pra se ter alguma alegria. É que nem o indivíduo acreditar que só conseguiria ser feliz ao lado de outra pessoa ao invés de ser feliz em si mesmo. A autoestima brasileira está abalada e o 7x1 veio pra coroar a desgraça com uma estocada mortal que no fundo originou tantas piadas. Brasileiro é um ser transgressor no fim das contas.

    Mas depois que passa a gente ri. Ainda estamos rindo do 7x1. A seleção, ora, é um time composto por jogadores. Jogadores mudam, os times mudam, as pessoas que acompanham esporte também mudam e todo mundo segue em frente. O placar pode ser um termo que pegue devido à exaustão - embora não seja o pior resultado da seleção masculina de futebol brasileiro. Ninguém fala do 6x0 que levou do Uruguai em 1920. Talvez pela distância de tempo. Talvez o 7x1 não perdure como eu prevejo. Ainda assim, são realidades diferentes se comparado entre hoje e um século atrás. Bem como eu apenas observo uma parcela da população que me é de alguma forma próxima e que faz uso da expressão. Pode ser que não seja tão comum como eu penso.

    Ou ainda, 6x0 é humilhante, mas no 7x1, mesmo ambos tendo uma diferença de 6 gols, o fato de haver um único na sova que levou da Alemanha enfatize mais ainda o tom tragicômico do resultado. Sem levar em consideração que a) 7x1 foi pouco, que b) a Alemanha se segurou pra não humilhar e c) a gente nunca sabe direito o que acontece nos bastidores do futebol, né? Olha aí o lamaçal que a FIFA se encontra afundada. A própria instituição vivendo o seu 7x1.

    O antigo "ter que matar um leão por dia" já virou "cada dia um 7x1". Até porque, matar leões agora é politicamente incorreto, mesmo na língua falada. O gato que sofria de constantes ataques madeireiros que o diga.


-G-
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