terça-feira, 26 de setembro de 2017

O poeta é um fingidor



Eu gosto de escrever. Pudera, estou fazendo isso agora mesmo. Existe aquela máxima “escrever é fácil, você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto”. Não se sabe a paternidade dessa citação, já vi gentilicarem ela desde Neil Gaiman a Saramago. Tudo bem, vá lá, sejamos reducionistas e com isso incentivar quem gostaria de começar agora. É tão simples, afinal.
            Ao escrever para a internet – afinal você quer ser lido, o ego do seu eu-lírico é algo a ser psicanalisado – você pode descobrir que existem diversos concursos literários, com inscrição pela internet e grátis. Ora, é uma baita vitrine. Ainda que alguns desses concursos sejam questionáveis, do tipo que não dá uma data de entrega de resultados, o que te faz buscar diariamente até descobrir que o concurso fora cancelado. Mas ei, é de graça e ninguém te deve nada pelo seu esforço. Você o fez pela arte, né? Achei que não.
            Com isso, os concursos mais populares possivelmente são os de poesia. Poesia é fácil, é curto, hoje nem precisa mais rimar. Escanção, quem liga? Até que vem o conflito: se por um lado existe a facilidade de escrever qualquer coisa, bem como do próprio gênero em questão, de outro existe lirismo. E isso não tem como ser ensinado. Por mais pós-moderna que seja a poesia, alguns elementos fazem dela incríveis: além da rima, inclua ritmo e faça mágica com metáfora, analogias, figuras de linguagem, neologismos. Complicou. 
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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Sunday Blues



Você sabe do que se trata. Qualquer um já passou ou vai passar por isso – embora, suponho, seja uma situação que afeta mais adultos (não necessariamente muito velhos) do que pessoas muito jovens. Eu digo da bad do final de domingo.
Nem precisa ser tão no final do dia. Li a respeito – a coisa começa a degringolar lá pelas 17h e vai piorando até a hora de dormir. A explicação se dá pelo recomeço da semana, a mítica segunda-feira surge como sua aura assustadora antes mesmo do domingo terminar. A surpresa minha foi achar um nome para isso. E também uma definição. Entra na categoria de depressões sazonais, tipo aquelas que batem, também, ao final de feriados.
Rotina, sempre ela, a culpa e a solução de todos os nossos problemas – ou ao menos é o que nos fazem acreditar. Não deve ter essa única alternativa pra solução da vida. Só que, ao olhar para as outras, o remédio mais amargo parece ser o mais efetivo. Afinal, precisamos de rotina, pois aquela nova tecnologia completamente desnecessária não vai se comprar sozinha. Sim, desnecessária, mas tão legal ao mesmo tempo. Ah, sim, e também considere relevante outros fatores menores tipo a própria subsistência, alimentação, moradia etc.
Já que é assim, olha pra tua família. Na noite de domingo, (quase) todo mundo estaria passando por isso. Não que admitam. Alguns convivem, acostumaram-se. Criaram carapaça, não dói mais. Outros suprimem com todas as forças para ver se esquece e passa. Tentam preencher o vazio com qualquer bobagem que traga alívio pra alma. E por último, bem-aventurados aqueles que se entregam, desistem, choram. Dizem pra que você nunca desista. Bom, erraram. Aqui quem desiste pelo menos bota pra fora, pelo tempo necessário, e depois vem uma sensação de alívio. Diferente de quem guarda, até que uma hora não cabe mais e estoura de vez.
Então, numa família, a noite de domingo é uma penitência secreta. A gente finge que assiste qualquer coisa enquanto, ao mesmo tempo, expurga os males da ansiedade por algo que ainda nem chegou. Essa é a palavra mágica. A bagunça acomete mais aos ansiosos. Simples, ora, é só chegar neles e dizer: tenta não pensar nisso. Não só é inócuo como piora, porque o ansioso fica com mais ansiedade por não ter conseguido domar a ansiedade anterior. Ou ainda, ele tenta preencher o vazio com qualquer distração, mas duas coisas podem acontecer: 1) ele não consegue se concentrar, digamos num filme, e a situação continua a mesma. Ou 2) ele até vê o filme, mas quando acaba volta tudo de novo, ele não esquece, podendo até ser mais forte, misturado a uma sensação de “eu devia ter feito algo melhor nesse tempo, lido algo, produzido algo”. Claro. Como a gente gosta de se enganar. Produzir numa noite de domingo em meio à ansiedade. Certo.
Até que em alguma hora o cansaço vence, a pessoa dorme a segunda logo desponta. No dia anterior, nos é temerosa, parece um monstro. Chega na hora, é só um pinscher que não para de latir, ou seja: inofensivo, apenas chatinho. Mas pra você que chegou até aqui, é possível que tenha discordado do que eu disse em algum momento do texto. Não tem problema. É possível haver outros jeitos de se lidar e de sentir, diferente do que fora descrito. Pelo menos comigo essas descrições sempre funcionam.  

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terça-feira, 19 de setembro de 2017

A leveza de uma crônica

      Tem vezes que as ideias nos faltam. Normal. Disso, buscam-se alternativas para solucionar o problema. Comigo, eu busco alguma teoria, a depender do caso, se couber. Por exemplo aqui. Já escrevi mais no passado (independente de com qual qualidade) e queria reativar essa atividade. Mas me faltava algo. Eu fiz o que qualquer pessoa faria em situações de dúvidas adversas: eu procurei no Google. E antes que você imagine que este texto seja mais um do tipo “não sabia sobre o que escrever então escrevi sobre não saber o que escrever”, calma, vem um plot twist.

     Dizem as teorizações (de quem?) acerca de crônicas que elas são originárias de observações de fatos do cotidiano — seguido da opinião/interpretação/sensibilidade do escritor. Para que, então, venha a se desdobrar em alguns tipos pré-formatados de crônica (lírica, filosófica, argumentativa, etc). Outro recurso é o de buscar nos fatos atuais o tema da sua crônica, em meios de comunicação tipo jornal, revista, tv etc.
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domingo, 3 de setembro de 2017

Do luxo ao lixo






            Envelhecer é um dos atos mais cruéis. Primeiro porque não tem escapatória. Segundo que não é cometido por ninguém – apenas acontece. Só resta mesmo o espanto quando a passagem do tempo grita pra gente nos momentos mais inesperados.

            Eu sou um tanto acumulador, guardo coisas que muitas vezes não tem necessidade, servindo apenas como um resquício nostálgico. É a mesma função, se for ver, de uma fotografia. Só que transubstanciado em outros objetos. Olha quantas memórias já perdemos. É normal. Algumas se foram tarde, outras podiam ficar mais um pouco. Nada realmente importante porque todas terão o mesmo destino quando das nossas mortes, meros mortais que somos.

            Também existem períodos da vida que são mais memoráveis. Não se lembra da infância do mesmo jeito da juventude/adolescência. Aí quando cresce e vira jovem-adulto as memórias perdem espaço a compromissos, paranoia e boletos a serem pagos – não nessa ordem. Com isso, imagino que esse período de adolescência – que é inclusive uma terminação recente, o conceito não existia há 50 anos, talvez pela mesma razão que fora necessário diferenciar o que é ser normal daquilo que não se é – seja de grande produção de memória. Muito acontece com os nossos corpos, em nível físico, químico, psicológico e social. Até por este período de interregno, quando passamos dessa fase e viramos pagadores de boletos, não temos mais muita paciência com adolescentes alheios, esquecendo-se, com isso, do quanto provavelmente já irritamos outras pessoas estando na mesma situação.
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sábado, 2 de setembro de 2017

Um pouco de tudo


     Do que você gosta?

     Que pergunta, ao mesmo tempo, simples e complexa. É fácil responder, não é? Deve ter passado algo pela sua cabeça. Caso contrário, que passe agora. E muitas passam. Quantas são suficientes? É uma pergunta que puxa outras perguntas: gostar em que sentido, quando, em qual ocasião?

    Gosta-se em muitos aspectos. Artes, esportes, pessoas, assuntos, coisas e não-coisas. Tirar uma só opção no meio de tantas e com tantos lugares de acontecimento se mostra difícil.

     Acaba que esta é a aparente concretização deste blog. Aliás, este é um post mais meu do que seu. O que, no final das contas, não é o real intuito de blogar? Ou pelo menos era, coisa de 10 anos atrás. Até porque hoje muito do espaço se perdeu para postagens em outras mídias, em especial o vídeo. Ler é um saco. Assistir é fácil.

     Mas eu, eu não me vejo fazendo vídeos. Nem blogando. Eu sou apenas um teimoso. Sobre a dita concretização do blog, em pouco mais de 5 anos de existência, teve de muito (de tudo, não). Texto, imagem, áudio, diversos assuntos, crônicas, review de livro, de série, conto - inclusive um nada ensurdecedor, hiatos de longos períodos.

     A fênix é só uma ilustração. Não significa que haverá posts e mais posts. Ainda assim, é um respiro, uma tomada de consciência. Até porque, a ideia era começar outro blog (num momento em que quase ninguém mais bloga, pelo menos não dessa maneira). Se fosse mesmo este o caso, ok, um blog de quê? Sobre o quê? Para quem? Eis que me escorrega a pergunta do início: do que eu gostaria de blogar sobre? Então concluí que não é possível escolher uma temática só. Não pra mim. Nem teria ambição de falar para massas. Já tenho a consciência de que não seria capaz, pelo menos não agora, não de maneira natural.

     Então, o passado fica. Concretizado, na medida do possível enquanto a internet não acabar (vai que, um dia). Até para mostrar a evolução, ou ainda, a mera mudança que acomete a todos nos muitos momentos da vida. De 2012 pra cá, muita água rolou pela ponte: sob e sobre ela, inclusive levando embora a ponte e deixando um vazio para reconstrução, mas apenas se as pessoas ao redor julgarem necessário (re)abrir mais este caminho.

     O que vai ser? Nem sei. Sei que, depois de muito teimar, dou o braço a torcer. Eu gosto de tanta coisa que quando qualquer um me pergunta eu não sei responder. O que é curioso porque, num primeiro momento, a impressão minha é de desgostar muito mais do que de gostar. Não que algum dia haverá um levantamento estatístico para comprovar qual lado é maior. Resta só a impressão. Ou ainda, em outras palavras, eu sei do que eu gosto. Eu gosto de não ter que responder do que eu gosto.
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