segunda-feira, 30 de março de 2015

Um breve histórico do Vinil ao Tidal, passando pelo Walkman e pelo Napster

    Existe um fato inegável na modernidade: a partir do momento que a Internet entra no jogo ela bagunça todas as regras e quem quiser jogar precisa rever tudo o que havia feito até então. Como exemplos temos primeiramente o The New York Times. Disseram que a internet mataria or jornais mas o que se vê hoje é que nunca se leu tanto como antes pois gente do mundo inteiro agora pode consumir o material. O jornal, então, não morreu, ele está mudando de plataforma. Depois, temos o exemplo dos filmes e do cinema. Serviços de streaming online como Netflix e Hulu disponibilizam tanto catálogos clássicos como atuais, produzem seu próprio conteúdo e querem lançar filmes ao mesmo tempo que o cinema - este estabelecimento que se encontra cada vez mais vazio, a menos por aqueles que vão assistir a algum filme e não largam seus smartphones e incomodam terceiros, tanto pela claridade da luz da tela como pela conversa que muitas vezes acontece sem o menor pudor. Isso desestimula qualquer um quando se pode ver o mesmo filme em casa com a possibilidade de pausa para ir ao banheiro depois de 500ml de refrigerante (ainda que a experiência da tela grande, do sistema de áudio surround e a escuridão da sala do cinema não sejam os mesmos em casa. Tem que se dar as devidas proporções).

    E tem a música também.


    Música é algo incrível, todos estamos interpelados por ela de alguma forma, às vezes mais, outras menos. Elas nos trazem significados e lembranças bem como agradáveis momentos quando estamos a conhecer algo novo e que faz parte do nosso gosto. E momentos ruins também, é verdade. Até, digamos, quinze anos atrás, o único modo de consumo - além de apresentações ao vivo dos artistas - era pela compra do material físico que variava entre discos de vinil, fitas cassete e, mais recentemente, o CD; cada um destes com seus prós e contras. Então, surgiu a Internet e as pessoas tinham a possibilidade de consumir as músicas de graça através do Napster, o que enfureceu artistas e gravadoras que se deparavam com um problema jamais visto. É verdade que pirataria sempre existiu, mas o digital atinge num nível global. Outro degrau dessa revolução cultural veio com o iPod da Apple que popularizou os tocadores de arquivos mp3, como se fossem uma repaginada do antigo Walkman, da Sony, sonho de consumo nos anos 80, seguido do Discman nos anos 90 e começo dos anos 2000. A partir da segunda metade dessa década os tocadores de mídia digital se popularizaram como seus antecessores e uma biblioteca para guardar tudo isso se fazia necessária. Nascia, assim, o iTunes, que vendia música virtual e era uma opção para que as gravadoras ganhassem algum de forma juridicamente legal.

    A escalada se seguiu com a Internet, mais uma vez ela, adentrando os sistemas de comunicação celular através dos smartphones, de novo por meio da empresa do falecido Steve Jobs. Agora você tem tudo na sua mão: algo para fazer ligações, para tirar foto, para ouvir música e que ainda por cima conectava à já citada Internet. Era só conectar ao iTunes e importar a biblioteca de músicas compradas para o dispositivo, a priori, os iPhones. Mas, e sempre tem um "mas", com o advento dos celulares inteligentes, surgiu outra variável: a dos aplicativos. Qualquer um poderia fazer um aplicativo e disponibilizar nas lojas de download e compra dos sistemas operacionais, com a possibilidade de serem barrados e excluídos caso ferissem alguma regra do mercado. Surgiram nomes como Spotify, Deezer e Rdio que possibilitam o consumo de música online ou offline; de graça com a adição de propagandas ou pago com a possibilidade de ser ad-free; ainda de graça, com baixa qualidade ou, se pago, com mídias em boa resolução.  Tem para todos os gostos. Os aplicativos pagos repassam parte dos lucros para os artistas. Ainda assim, sempre tem quem não se sinta à vontade. Foi o caso da Taylor Swift que não estava satisfeita com o repasse do Spotify a ela e exigiu que sua obra fosse impossibilitada para consumo no aplicativo.

    Ontem, então, houve o boom do Tidal, um aplicativo que uniu vários artistas em torno de suas vontades: que custasse vinte dólares, que reproduzisse músicas em alta qualidade e que teria uma divisão de lucros mais justa, tudo isso sob a tutela do Jay Z que comprou o app anterior e o remodelou. É mais uma alternativa a tantos aplicativos e também a compra de mídia física como CDs e discos de vinil - que não só estão em alta, os bolachões, como ainda muitos vêm com um link para baixar a versão digital do material físico. E existe, sempre, opções de download ilegal promovidas por sites de torrents, ainda que estes estejam perdendo lugar para os aplicativos. O que dá a impressão de que as pessoas querem pagar para consumir o que gostam, o que falta é um ponto que agrade a todos: artistas, gravadoras e consumidor - este último com muito mais opção de escolha do que como era décadas atrás quando suas únicas alternativas eram ou vinil ou cassete. Nesse leque de opções entra o mercado que tenta se remodelar porque necessita disso para não falir de vez.

Eu uso um desse na rua
    Este texto não traz nenhuma resolução mágica. Os meios procuram constantemente formas de se adaptar a esse novo meio digital onde tudo parece ser de graça para quem consome mas que ainda custa muito para quem produz (você tem ideia de quantos funcionários tem uma gravadora? Nem eu). Tem sim que cobrar do consumidor, apenas talvez seja cedo demais para dar uma opção que agrade a todos, se é que algum dia isso vai existir. Enquanto isso, sigo aqui, escrevendo enquanto ouço um CD no meu discman e sou contra aplicativos de streaming de celular (é só uma teimosia pessoal mesmo, nada contra quem usa e nem digo que sou fanático de versões físicas. O meu problema é o trouchscreen que me obriga a olhar pra tela a cada troca de música. Gosto de controlar com as mãos no bolso, e aí os players de mp3 me fazem preferência, a exemplo da remodelação do antigo Walkman de fitas que hoje toca mp3, como o da foto ao lado).


-G-
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...