Às vezes eu sou um empirista. Eu gosto de me colocar
numas situações só pra ver como é.
No final de março de 2016 eu estava saturado de internet.
Fora o trânsito cotidiano, a efervescência do caos político tornava este um
movimento desenfreado. Eu não aguentava mais ver as mesmas coisas todo dia. Só se
falava de política e ainda assim eram repetições: é golpe vs não é golpe.
Então, eu disse a mim mesmo que ficaria um mês inteiro
sem a frenética rede social. Nesse meio tempo, vários acontecimentos certamente
tomaram conta da rede:
- a final do BBB
- a votação do impeachment na Câmara
- a queda da ciclovia no RJ
- a morte do Prince
- a chegada do frio
- bela, recatada e do lar
- bela, recatada e do lar
- a estreia da temporada de Game of Thrones
- a estreia de Guerra Civil
Às vésperas de retornar, certamente o teor político será
constante nos próximos dias. Mas isso é só porque eu quero que seja, porque eu
sigo pessoas e veículos de comunicação que falam sobre isso. Porque eu
considero importante/interessante. Eu poderia apenas seguir arrobas que
falassem de música pop todo dia e a realidade seria outra.
Em parte a gente vai atrás dos assuntos que gosta. Em
outra parte, excepcionalmente, só se fala em política por conta do atual
momento em que se vive. Parece que não tem como falar de outra coisa, e se você
o fizer, estará perdendo algo. Daí que você vê a mesma notícia 20 vezes em
portais diferentes de notícia. É algo
que PRECISA ser veiculado. E a gente, bom, a gente está no meio do turbilhão.
Eu penso que, em algum momento, vamos sofrer uma
overdose de informação. Já sofremos, só que é algo que dá pra aguentar.
Ficamos atordoados, anestesiados, mas seguimos mesmo assim. Como a nossa
geração é a de transição entre a pré-virtual e a dos nativos digitais, acredito
que a gente perceba mais essa mudança. Quem sabe daqui mil anos as pessoas se
acostumam a digerir uma alta quantidade de informação melhor que se faz hoje. É
como no cinema, que antigamente (nos primórdios), era quase estático e hoje tem
uma velocidade absurda. Algumas filmagens de meros dez anos atrás por vezes
parecem lentas, imagine o contrário: alguém do século XIX assistindo a Guardiões
da Galáxia.
No mais, não é culpa do Twitter. Não é minha. Nem da
internet. Não é de ninguém. Apenas compreendi que preciso dar uma parada às
vezes.
Aliás, nesse meio tempo longe da rede social de
microblogues eu precisei me rebaixar buscar informações na o u t r a rede
social. E o que eu mais vi no Facebook foi o Twitter. Entendo que as pessoas
que usam o Facebook gostam dos conteúdos do Twitter. Só não gostam da
velocidade dele. Bem como se sentem sozinhas por “falar para ninguém”. O Facebook
é, a priori, uma via de mão dupla: os dois contatos veem um o que o outro posta
(isso se o algoritmo do site permitir). No Twitter não, você segue mas não quer
dizer que seja seguido de volta. É uma via unilateral muito estranha num
primeiro momento.
Eu saí de uma rede social mas fui para outra. Me dediquei
ao Instagram. Peguei fotos recentes que não postaria e tratei delas, tive
periodicidade ao postar todo dia – antes só postava uma ou outra, inclusive com
meses de distância. Procurei quais as melhores horas para tal bem como melhores
hashtags, afinal, é o jeito que você tem de se mostrar para o resto do mundo.
Não cheguei a um consenso quanto a horário. Encontrei que o melhor é às 17h.
Não disse de qual fuso. A internet é mundial mas as hastags são em inglês.
Acabei por me deparar com um site chamado InternetLiveStats.com que, dentre
outras coisas, mostra quais países têm mais usuários de internet bem como o
quanto a internet é presente em cada um deles. Mais uma vez, não existe
consenso. As 17h dos EUA não são as mesmas da China. Um é populoso, outro tem
maior penetração da internet no país. Ainda bem que eu não sou social media de
marca internacional.
Fiquei, sim, com vontade de entrar de volta no Twitter só
para ver como estava. Não o fiz. Penso: se eu perder seguidores por inatividade
é porque eles não se importavam mesmo com o que eu postava. E deixei claro que
ficaria fora só um mês, não que sumiria para sempre. Às vezes batia um vazio, um “caramba,
e agora, o que que eu faço na internet?”. Se eu abrisse o Twitter esse vazio
não seria preenchido, ele teria a atenção desviada. Ainda estaria lá de
qualquer forma e no final eu estaria me enganando. O problema é maior para ser
simplesmente resolvido com rede social. Esta é uma interessante conclusão que tiro do meu
experimento. No mais, este mês passou depressa e foram poucas as vezes que eu senti
falta do Twitter.
Volto a dizer que considero a gente – eu e vocês que leem
esse texto – uma fase de transição na história virtual. Não sabemos o que
vai acontecer mais pra frente. Eu acredito que alguma coisa vai mudar, só não
consigo precisar nem o quê, nem quando nem se para melhor ou pior. Talvez role
uma crise identidade nesse ~admirável mundo novo~. Considero interessante notar
o lugar que a gente ocupa nesse meio. Ou não, talvez eu devesse mesmo era
seguir @ de frases do Bob Marley e estaria tudo mais fácil.
F5.
-G-
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