sábado, 1 de dezembro de 2012

Imagina na Copa

    Não é novidade para ninguém que me conhece que eu sou absolutamente contra a Copa do Mundo ser realizada no Brasil em 2014 enquanto há outras coisas muito mais impostantes a serem discutidas e realizadas. Aliás, qualquer um com o menor senso percebe isso. Já que há pouco houve a distribuição das chaves para a Copa das Confederações e divulgação do nome da bola dessa copa, eu resolvi vir tecer uma coisa ou outra (houve também uma apresentação do Arlindo Cruz e da Maria Gadu cantando Jorge Ben, afinal o evento foi transmitido para quase quarenta países e a brasilidade musical não poderia faltar).


    Quando o Brasil foi escolhido como palco da Copa do Mundo FIFA 2014, muita gente gostou. Os mais otimistas pensaram que conseguiriam ver alguns jogos, sem contar no já famigerado "legado da copa", que  aqui no país não vai haver. Hoje, anos depois da escolha da sede, a realidade bate à nossa porta. Nunca antes na história das Copas do Mundo um evento teve tantas cidades-sede como o que nós teremos em 2014. E levando-se em consideração as proporções continentais do país tupiniquim que habito, vai ser no mínimo "difícil" ver jogos em Recife, Porto Alegre e Brasília, por exemplo. Mais ainda, os preços dos ingressos serão um absurdo de caros, sem contar a própria concorrência para obtê-los. A menos que você seja um beneficiado do bolsa-família, aí você tem um lote só pra você e com preço decente. Basta apenas você entrar no site da FIFA (em inglês) e comprar. E mesmo que você compre ingresso, pague caro e viaje pra alguma das cidades-sede, você ainda tem de chegar ao estádio. Estádios estes que ainda não estão totalmente finalizados, mas tudo bem, a Copa das Confederações é só daqui sete meses, tem tempo. Supondo que os estádios estarão construídos dentro do prazo, dezenas de milhares de pessoas terão de se locomover nas grandes capitais do Brasil rumo ao lugar do jogo. Daquele jeito que a gente conhece: sem rua, sem metrô, sem ônibus, sem transporte público decente, engarrafamentos mil e por aí vai. Não foi construído nem metade dos planos iniciais para mobilidade urbana. Taí o seu "legado" que não vai existir. Pagou-se caríssimo por estádios de porte faraônicos que, alguns deles, não servirão para muitos outros jogos grandes depois da Copa, como é o caso do estádio de Manaus. Tudo bem, até aqui todo mundo sabe desses problemas. Quem ainda não sabe são os gringos inocentes que virão cair aqui no meio dessa armadilha, mas eles uma hora vão saber. Quando já estiverem aqui e nenhum taxista saberá falar com eles e que vai dar um rolê pela favela, aumentando o percurso muito mais do que o necessário, só para extorquir dinheiro do estrangeiro ingênuo. Sabe como é, é o jeitinho brasileiro, eu que não sou inocente a ponto de acreditar que isso não vai acontecer.

Nem a taça "Chico Xavier" consegue acreditar em tamanha desraça
    Hoje foi o sorteio da Copa das Confederações. A seleção brasileira caiu no chamado "grupo da morte", que é aquele em que seus adversários são muto mais fortes do que o outro grupo. Brasil, Japão, México e Itália. E tudo isso porque o cozinheiro errou na hora de fazer o sorteio e jogou o México pra cá. Era pra ter vindo a seleção do Haiti (e eu nem sabia que jogavam bola por lá). O cozinheiro Alex Atala junto com a modelo Adriana Lima fizeram o sorteio das chaves. E como não poderia deixar de ser, mais uma gafe aconteceu, levando em consideração todas aquelas já enunciadas no parágrafo anterior. Foi um erro dignamente brasileiro, e sendo ele cozinheiro, digamos que ele exagerou no sal, e aí depois deu sede, e ao procurar alguma coisa pra beber só tinha cachaça. Falando em CAchaça, também foi anunciada o nome da bola da Copa das Confederações. Já se sabe que a bola da Copa do Mundo chamar-se-á Brazuca (e não Ronalducha, infelizmente), e agora tornou-se público que a bola da copa de 2013 será Cafusa. Conforme todo mundo deveria saber, "cafuzo" era aquele que resultava da união dos gametas entre um índio e um negro. Porém a FIFA resolveu trocar o Z pelo S, o que é muito curioso porque lá fora o nome do Brasil é Brazil, nesse eterno vai e vem consonantal. CaFuSa, para a entidade futebolística internacional, é a união de Carnaval, Futebol e Samba. Na verdade, isso tudo pra muita gente é sinônimo de pobreza, mas não vou aqui soar mais preconceituoso do que já fui. Voltando ao começo desse parágrafo, poderia muito bem ser a união de Cachaça, Fumo e Sábado, e está feito um auê. Sempre lembrando que FulEco é a união entre Futebol e Ecologia. Eu não sei quem foi a mente linguística brilhante que resolveu escolher isso aí no lugar de Futeco, o que obviamente seria muito mais lógico.

Bola Cafusa vai contar com um chip que avisa o juiz se ela entrou mesmo ou  não no gol
    Mas tudo bem, a seleção brasileira conta com novo técnico que vai ter pela frente só jogos casca grossa, ao contrário do técnico anterior que teve anos de experimentação com jogos, em sua maioria, muito fraquinhos. Alguém se lembra de Brasil x Iraque? O ex-novo-técnico Felipão disse que é obrigação ganhar a Copa do Mundo em casa. Todo mundo está empolgado e confiante, os colunistas de futebol na televisão dizem que agora vai, que esse é o ano do Brasil e que nós TEMOS de ganhar. Aí eu me pergunto: por quê? Por que nós temos a obrigação de ganhar? Mais ainda, por que nós temos a obrigação de ganhar? Eu não jogo e não ganho nada com a seleção brasileira. Fato é que futebol, aqui, é superestimado. Alguém colocou na cabeça que é bom ser campeão mundial de futebol várias vezes. Educação não é importante, ter um senso crítico não é importante. O importante é se alienar e torcer pelo futebol enquanto bilhões de dinheiros são desviados para fazer estádios que não prestarão para depois do evento. Nelson Rodrigues escreveu um texto sobre como o brasileiro tinha um "complexo de vira-lata" enquanto não fosse campeão do bi campeonato. E que depois de ter ganhado, conseguia olhar para os outros de cabeça erguida, orgulhoso. Pra vocês verem como essa neura para com futebol não é de hoje. Imagine apenas se o Nelson Rodrigues soubesse que a seleção hoje é penta campeã mundial, enquanto nenhuma outra também o é.

    Eu gosto de futebol, torço para o bom futebol. Não torço para que todo domingo e quarta-feira as pessoas fiquem em polvorosa discutindo um futebol feio e muito mal jogado, só porque têm na cabeça que o futebol brasileiro é o melhor do mundo. Não, não é. Repito, é um esporte superestimado, mas que a massa consome, dá audiência e faz vender patrocínio lucrativo para a Globo. Enquanto isso, tem gente roubando o seu dinheiro, com colarinho branco, e você nem sabe. Não faz questão de saber. Quer ver o Palmeiras rebaixado e o Corinthians no Japão. Uau. Que vida.




-G-
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