segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Jogar, uma reflexão

    Faz algum tempo que eu tenho essa teoria: o excesso de tutoriais nos jogos de hoje se deve ao excesso de botões nos controles que usamos para jogar. É claro, não tem como ir contra isso, é uma evolução e esse foi o jeito que as produtoras encontraram para deixar claro para o jogador o que cada um dos vários botões de seu controle pode fazer, bem como as combinações entre eles. Pode parecer exagerado, mas se não fosse assim muita gente reclamaria que não saberia o que é que tem de ser feito. DarkSouls II é assim, totalmente frustrante.

    O que acontece é que as pessoas são saudosistas, pensam que só porque tal jogo ou console é melhor só porque é antigo, não é verdade, era apenas diferente, os tempos eram outros e os comandos possíveis de serem feitos eram bem menores. Os jogos de antigamente eram apenas: vai pra direita até terminar a fase. Caso fosse necessário usar algum item o jogo não explicava, muito menos havia internet para pesquisar por gameplay no Youtube. O máximo que poderia acontecer era ter no manual de instruções do jogo uma imagem pixelada dos itens e então um detalhamento deles. Claro que isso não era válido para jogos alugados.

    Curiosamente, essa semana a Steam revelou seu projeto próprio, incluindo um controle praticamente sem botões direcionais e, com os botões clicáveis, nenhum tem nome, do tipo A, B, C, R, L, LT, RB, Z, etc. É inovador, sem dúvida, só torço para que não seja tão inovador assim e que morra de forma prematura assim como foi com o Dreamcast, que era um console à frente do seu tempo e por isso não vingou. #rip




    Além dos controles, outro lugar onde os jogos evoluíram foi na forma de alocar suas mídias. Antes eram cartuchos, com baterias ou não, que faziam caber os jogos inteiros. Adiante, vieram os discos que obrigavam a presença de um memory card e, inevitavelmente, passar uma grande parte do tempo olhando para telas de loading. Eu pensei também o seguinte: taí, tutoriais também servem para que se evite passar tanto por elas. Olha os Mega Man antigos, você morre trinta, cinquenta vezes fácil fácil antes de terminar o jogo. Imagina agora se entre uma vida e outra teria uma tela de loading, o jogo atrasaria mais ainda. O que foi feito para reduzir o tempo, apenas no Xbox 360, foi a possibilidade de instalar o jogo do disco para o HD do console, assim, ele demora menos e o console não esquenta tanto e nem danifica o disco. Diminui o tempo, mas as telas de loading não desapareceram. E acredito que nunca irão.


    Não tem o que fazer, se trata da evolução natural dos jogos. Um outro aspecto que pelo menos a mim desagrada (mas tem quem curte) são os DLCs. Eu acho uma puta falta de sacanagem você ter de pagar para além do jogo já comprado para conseguir jogá-lo em 100%, ter todas as fases, os mapas, as armas, as roupas, os lutadores. Antigamente os jogos não eram tão caros como hoje e você só desabilitava os extras depois de cumprir certos requisitos. Jogos de luta eram assim. Hoje você tem o conforto de liberar tal personagem pressionando não os botões do controle para mostrar que tem habilidade, mas sim para inserir o número de cartão de crédito que vai ter a conta debitada no próximo mês.


    Sem contar a facilidade de se jogar online, pagando, de novo, uma taxa. Claro, você tem a possibilidade de jogar com qualquer pessoa do mundo que também esteja online, e isso é muito legal. Porém, um jogo com mais de dois anos e com sistema online não tem mais ninguém jogando. Além do mais, depois de algum tempo os servidores são desativados porque mantê-los funcionando gera custo. Alô achievements online, essa é pra vocês.

    Claro que tudo isso não aconteceu de um dia pro outro, e convenhamos, ainda tem muita inovação por vir que a gente hoje nem faz ideia do que possa acontecer. Mas isso é só um panorama de como as coisas funcionam hoje em dia. Fazem parte de um continuum, isso não é o final, é só o meio. Não concordo com isso ou aquilo, mas se for assim eu não jogo mais. O jeito é acostumar às novidades e tendências mas sem esquecer como era jogar antigamente: não era igual. Era apenas diferente. E que a gente consiga dizer isso para as gerações vindouras, que já nascem com uma Live Gold desde o berço, para que eles também reflitam sobre como era jogar antes deles e que percebam a evolução. Afinal, é o que é no fim das contas. Nem melhor, nem pior.





-G-
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