segunda-feira, 6 de outubro de 2014

As pessoas e a capacidade de não ficar no seu quadrado

    Nas histórias dos X-Men, muitas vezes a raça mutante é perseguida e castigada por conta da raça homo-sapiens mas não muito. É uma falta de identificação com aquilo que é diferente. Já vimos essa história há pouco de forma avassaladora na segunda guerra mundial e continuamos vendo, ainda que de maneira menor mas sempre atual. O outro incomoda, causa medo, atrapalha, ele simplesmente precisa sair de lá porque ao não concordar com ele, segundo essa mentalidade, um está certo e o outro está errado.


Matrix no seu quadrado
Se tem uma coisa que a internet me ensinou no começo dela foi cada um ficar no seu quadrado. E hoje, mais no que nunca, em período eleitoral que compreende pré e pós votação, grosseiramente vemos pessoas invadindo os quadrados dos outros. Todos têm direito a uma opinião pessoal sobre o que for, inclusive sobre não ter opinião, e a internet possibilita a expansão dessa ideia a distâncias que sem ela provavelmente seria impossível atingir tanta gente. Só que dada a possibilidade do conforto indireto que o mundo virtual proporciona, em caso de discordância as pessoas invadem os quadrados dos outros e não estão nem aí pras consequências. Alguém escreve X e outro alguém retruca com Y. Posts políticos por vezes se resumem a "coxinha", "esquerdopata", "privatizador", "petralha", etc. Quem sou eu para criticar a posição política, ou qualquer uma, de outra pessoa? Quem é você? É o dono da internet e das ideologias que são melhores pro futuro da nação? Ou elas são melhores pra você? Deixa o cara ser coxinha. Deixa ela ser esquerdopata. Não é nas redes sociais que se resolvem os problemas da política e sim nas urnas e posteriormente cobrando daqueles que foram eleitos, principalmente se for um candidato eleito pelo seu voto. Só que, apesar de essa ser a sétima eleição direta para presidente, a memória política do brasileiro não existe. O voto é obrigatório e sendo assim vira um fardo, vai qualquer um só pra cumprir a obrigação, ou pior, vai qualquer um pela zoeira. Depois esquece e que venham as próximas eleições daqui dois anos. Mas o outro, não, o outro está errado, ele não fez nada para melhorar o país, e se for contrário ao meu voto então ele é um câncer a ser extirpado. A política existiu durante séculos antes da internet, não é agora que ela irá se resolver online.



-G-
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