sábado, 8 de agosto de 2015

As Portas da Vida


Acorda, Alice!
    É possível considerar uma condição de vida representada por uma sala circular cheia de portas. Várias opções à disposição sem sabermos ao certo onde cada uma delas vai dar. O temor do futuro decorre dessa incerteza. As expectativas, também.

    Por que não um corredor reto cheio de portas? Repara que um círculo fora de outro círculo fica cada vez maior. Dar uma volta neles causa tontura e confusão. Parece que círculos correspondem melhor à ideia de complexidade.

    Decidir por quais portas passar não é algo fácil. Pode ser fácil pra quem não pensa muito e apenas vai abrindo a primeira que aparece na frente. É um estilo de vida. Você apenas vai. Mas e as outras opções? Até onde a gente pode chegar? Até onde ousamos desejar ir? As escolhas são variadas e quem pensa demais acaba por não sair do lugar ou abrir portas muito vagarosamente. Alta ponderação não garante uma escolha correta. Não existem, inclusive, os conceitos de certo e errado. O tempo, esse existe. É uma mão de ferro imponente.

    Tem aqueles que abrem as portas de forma cautelosa. Existe quem chega com uma bicuda. Existem algumas que estão emperradas e necessitam teimosia para abrir. O que não existem são portas que levam a lugar nenhum. Toda porta leva a outras portas. Mesmo quando você sente que entrou num quarto sem saída, não, sempre se fazem presentes outras oportunidades.

    Quando você passa por uma porta e atinge um novo nível na sua vida, algumas portas que ficaram pra trás se trancam pra sempre. Inclusive, talvez, a porta pela qual você veio da sala anterior. Caso não tranque, você pode voltar e escolher outra. Porém, esse vislumbre do futuro com chance de volta ao passado e nova escolha não é algo comum de se acontecer. Inclusive pode soar absurdo. Você já tinha portas para escolher onde estava, não tinha necessidade de voltar. Bom, cada um sabe o que faz. Ou não. Geralmente não.

A Profecia mencionou esse dia
    Se você se perguntar como chegou ao momento em que está, certamente não consegue olhar pro início, quando abriu suas primeiras portas. O centro desses diversos círculos concêntricos teve as primeiras portas abertas por seus pais ou tutores ou guardiões quando você não tinha condições de abrir portas. Num dado momento da vida, começamos a divergir das escolhas de portas do pais e nós escolhemos por onde ir. Ou até mesmo ficar parado.

    O mais frustrante, ou fascinante, é que as portas nunca acabam. A única certeza da vida é a morte, tal como a única certeza é a de que atrás de uma porta existem mais portas. A finitude não está à vista. Alguns se assustam, outros encaram como uma maravilha as oportunidades pelas quais podemos passar.


    Cada um tem seu jeito, suas escolhas, velocidade dessas escolhas e como abrir as portas da vida. Todo mundo, toda hora está inserido num grande labirinto sem fim, escolhendo - ou não - qual será a próxima porta a ser aberta. Eu não sei das suas portas e nem você das minhas. Elas apenas estão lá, esperando pelo momento.



-G-
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