Vozes masculinas altas e violentas
Seguidas dos latidos dos cachorros
Irrompem a noite e estupram meus ouvidos.
Eu, no aconchego do meu quarto,
Ouço sem querer ouvir.
Vêm até mim.
E eu retribuo.
O coração dispara,
A mente dispara,
A respiração dispara,
Mesmo sabendo que não há porquê
Silêncio.
E tudo para.
Tudo?
Eu não.
A flama no palheiro incendeia o meu medo,
Remoo por minutos o amargo tolo.
Eu sei que estou bem,
Sei que não é pra temer.
Apenas não o faço.
A segurança está ali, mas não a seguro.
Aqui, na verdade,
No meu quarto,
Comigo.
Não na minha cabeça.
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É um texto de que gosto, apesar de tudo. É de julho do ano passado, mal completou um ano. Vejo o quanto eu mudei de lá até agora. Vale dizer que numa noite, enquanto eu tentava dormir, não conseguia, estava assutado, peguei o notebook e escrevi na cama mesmo. Eu não desligava ele, deixava apenas a tela apaga. Ainda não desligo pra dormir. Assim como, em certas ocasiões, eu só consigo dormir com a tv ligada, programa pra desligar sozinha no timer.
Como eu vi em algum lugar, essa síndrome é o tipo de coisa que não se deseja nem ao seu pior inimigo. Hoorray.
-G-
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