terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Cerveja, Brasileiros e Drogas (parece até vídeo do PC Siqueira)

    O texto a seguir foi escrito por alguém que não bebe cerveja.

    Estava cá no banho pensando com os meus botões: por que as pessoas bebem? E mais, por que bebem cerveja? E mais, por que o brasileiro bebe tanta cerveja?

    Bom, existem algumas respostas. Diversão, prazer, vício, fuga do mundo real, socialização.

    Continuei pensando: se fosse apenas para ficar embriagado, o brasileiro iria atrás de algo mais forte (vodka, tequila, absinto, cachaça). Não é correto dizer que (todas) essas bebidas são mais caras que cerveja. Algumas são, mas existem cachaças muito baratas e que deixam bêbado muito fácil. Conclusão: não é para ficar bêbado. E isso inclui os quatro primeros tópicos do parágrafo anterior.

    Ressalto que, nesse brainstorm de porquês, eu deixo de lado aqueles que gostam de cerveja, que têm amor e paixão, que sabem apreciar moderadamente sem dar vexame. Esses casos, ok, é o consumo pela arte da bebida, é gente que conhece o que está tomando. Diferente de quem eu quero entender nesse texto, que toma o máximo que puder do que for mais barato. Gente que preza pela quantidade sobre a qualidade.

    Se não se bebe para si (sempre tirando aqueles do parágrafo anterior), o que sobra? Sobra beber pra alguém que não si mesmo. Beber pro outro. Beber pra ti. A cerveja é um termômetro de sociabilidade. Beber te faz estar no mesmo grupo de outras pessoas que bebem, e não tem nada melhor do que se sentir acolhido por algum grupo social (o mesmo pensamento vale para torcidas de futebol). Por isso as pessoas não bebem  para ficar bêbadas, e por isso as pessoas bebem muito, a noite inteira, litros e litros de cerveja, em latinhas, garrafas ou garrafões, tem para todos os tamanhos, gostos e fígados. Sempre com um copo na mão, tem que ser assim, senão você é um alien que não bebe, que te perguntam "Como assim você não bebe/não gosta de cerveja?!"


    Daí que eu concluí há alguns dias no meu twitter que beber é overrated. É superestimado. Não é tudo aquilo que as pessoas dizem, veem, acham, e, principalmente, bebem. Bebe-se (nesse caso específico, espero que você seja inteligente o bastante para perceber o quanto eu trago isso à tona) por nenhuma das opções que eu dei acima. E isso é fascinante porque ao mesmo tempo em que essa é uma droga legalizada, existe um interesse de que se consuma cada vez mais. Propagandas de cerveja fluem a todo instante nos comerciais de televisão. Existe uma indústria interessada em promover o álcool, especialmente a cerveja. Por quê? Porque sim.

    Ainda no banho (eu demoro quando lavo o cabelo), eu pensei: houve uma época nos EUA de Lei Seca. Era CRIME consumir álcool. Hoje, quase um século depois, existe o incentivo para tal. Eu trouxe o pensamento para outras drogas, ditas ilegais. A maconha está em alta. É proibida, existem países que estão regulando a venda e legalizando. Hoje, quem consome da erva no Brasil é tão criminoso quanto quem consumisse álcool nem cem anos atrás nos EUA (dadas as devidas proporções). Eu penso se daqui um século não vai haver igual promoção de maconha na televisão. E mais: vão achar isso normal. De qualquer forma, nenhum de nós estará vivo para ver isso (mostrem esse texto aos seus filhos e netos e digam para eles fazerem o mesmo para os filhos e netos deles infinitamente para ver se é isso mesmo o que vai acontecer).

    Então, eu me utilizei de um recurso semântico da pragmática (linguística) e subi um degrau nos significados. Álcool, cigarro, maconha, todos esses são hipônimos de um mesmo hiperônimo: droga. Legalizada ou não, é droga, e isso é um fato. Fluí para: por que as pessoas usam drogas? Por prazer, vício, pelo social? Eu não acredito que conseguiria responder. E acredito que fui ousado em categoricamente dizer o que disse sobre o brasileiro que bebe cerveja, a ponto de me xingarem nos comentários, mas eu estou aqui para errar e aprender, como qualquer outro deveria estar também.

    Do meu ponto de vista, é de uma hipocrisia sem ter fim o cara que está num churrasco bebendo cerveja e fumando cigarro dizer que maconha é uma droga que faz mal (por exemplo). Existe clínica de reabilitação tanto para alcoólicos quanto para viciados em coisas mais pesadas, tipo drogas sintéticas (LSD, metanfetaminas, crack, cocaína, etc). O que difere o cara do churrasco do maconheiro é uma lei. E leis são feitas por homens. E homens erram (assim como eu errei nesse texto, supondo que você discorde de tudo o que eu disse).

    Se eu sou a favor da liberação da maconha? Sim. Se eu fumo? Não. Já disse que não bebo cerveja, não gosto. Cigarro, menos ainda. Veja que eu não preciso ser uma árvore para apoiar o Greenpeace. Nem preciso ser um "drogado" para pensar em legalizarem o consumo de drogas ilegais (desde que você não fume e não use isso perto de mim, você pode fazer o que quiser, eu só quero o meu espaço respeitado pois respeito o seu de usar).

    Na frase anterior, "drogado" está entre aspas porque é mais um termo a ser considerado. O cara que fuma e bebe todo dia ele é um drogado? É um viciado? Sim, ele é. Só que com respaldo da lei, e incentivo da publicidade. Existe uma indústria que ganha com isso. Fora os impostos abusurdos que o governo arrecada em cima deles.

    Banho, esse poço de ideias.



-G-
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